07/09/2013

Veja beira o ridículo dizendo que “busca a verdade” há 45 anos

Num editorial que mais parece uma piada, o diretor Eurípides Alcântara escreve que a revista "nunca parou de buscar a verdade", desde o seu primeiro número, e de "pôr a mão onde muitos tiveram medo de fazê-lo, de denunciar o que deveria ser denunciado, mas também de elogiar o que merece ser elogiado"; seu discurso continua: "Veja descobre os escândalos de corrupção, cobra consequências e continua correndo atrás de outras revelações"; não é brincadeira, está tudo lá; menos, é claro, a citação de sua cínica cobertura do 'propinoduto' tucano em São Paulo ou dos grampos clandestinos que conseguiu com Carlos Cachoeira...



Num texto que mais parece uma piada, o diretor da Veja, Eurípides Alcântara, escreve que a revista "nunca parou de buscar a verdade", desde o seu primeiro número. O editorial é uma celebração aos 45 anos da revista, que terá uma edição especial com 45 reportagens que "fizeram – e fazem – história", além de "investigações de fôlego e uma coletânea de artigos".

A melhor palavra que descreve a Carta ao Leitor deste número seria cinismo. Além da tal "busca a verdade" durante mais de quatro décadas, Alcântara diz que a publicação também nunca deixou de "pôr a mão onde muitos tiveram medo de fazê-lo, de denunciar o que deveria ser denunciado, mas também de elogiar o que merece ser elogiado".

Ele continua: "Veja descobre os escândalos de corrupção, cobra consequências e continua correndo atrás de outras revelações". Como exemplos, cita o chamado 'mensalão' e a suposta compra de votos que garantiu a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo Congresso. Acontece que a própria Veja, tucana, já rebateu essa tese, comprovada no mais novo livro do jornalista Palmério Dória, O Príncipe da Privataria.

Tudo isso está no editorial de Veja que foi às bancas neste fim de semana. Menos, é claro, uma citação à cínica cobertura do chamado 'propinoduto' tucano, que envolveu ao menos três governos do PSDB em São Paulo, mas que a revista não citou o nome de nenhum, apenas disse que "há indícios" do esquema de cartel e ainda conseguiu incluir um petista na história (relembre aqui).

Também não há nada a respeito dos grampos clandestinos que o diretor da sucursal de Brasília, Policarpo Júnior, conseguia com o contraventor Carlos Cachoeira. Outro caso que causou repercussão - mas que também não é citado pela revista - foi a invasão do repórter Gustavo Ribeiro na suíte do ex-ministro José Dirceu, no Hotel Naoum, em Brasília, em 2011.

Agora é aguardar a "edição histórica" dos 45 anos de Veja para saber o que mais virá.

O Sintonia Fina - @riltonsp

Brasil247


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