Por Eduardo Guimarães
Um “Volta, Lula!” mais estridente do que o de costume começou a ser ouvido desde que os protestos de rua de junho e julho fizeram a classe política – e, em particular e com maior ímpeto, a presidente Dilma Rousseff – sofrer prejuízos de imagem generalizados.
Até Lula perdeu intenções de votos – tinha 55% e caiu para 46%. Contudo, mesmo assim ele ainda derrotaria todos os adversários no primeiro turno.
Marina Silva, que lucrara 8 pontos percentuais com a derrocada de Dilma, tendo passado de 16% para 23% e, assim, chegado perto do empate técnico com a presidente, na disputa com Lula ganhara apenas 2 pontos, portanto dentro da margem de erro da pesquisa.
Na nova pesquisa Datafolha, publicada no sábado (10/8), Dilma recuperou um quarto do que perdera na projeção da corrida eleitoral do ano que vem – passou de 30% para 35%%. Lula também ganhou 5 pontos, indo de 46% para 51%.
Além disso, Lula foi o único que cresceu em intenções espontâneas de voto – quando o pesquisado cita o nome de seu candidato preferido sem ser estimulado por uma lista de nomes. Passou de 6% em junho para 11% em agosto.
A entrada de Lula na sucessão presidencial em lugar de Dilma, portanto, parece ser mais do que lógica. Essa é uma visão que vinha sendo comprada tanto por petistas e aliados quanto por oposicionistas, pelo menos até que a presidente se recuperasse na última pesquisa.
Ainda assim, a imensa superioridade de Lula sobre todos os adversários o torna um candidato muito mais seguro do que Dilma, para o PT.
É um erro, porém, acreditar que a melhor forma de aproveitar a superioridade eleitoral do ex-presidente seria substituindo Dilma por ele na disputa pela Presidência no ano que vem.
Quando Lula, perguntado sobre a disputa eleitoral, disse que não entraria nela porque nunca saíra, alguns entenderam errado. Confundiram sua presença política no governo Dilma e na disputa pela reeleição com ingerência do ex-presidente no governo.
O que parece, assim, é que nem todos os aliados ou simpatizantes do PT entenderam bem o papel de Lula na sucessão presidencial. Não é preciso pedir a “volta” dele porque irá disputar, sim, a eleição.
Para entender como, basta analisar as intenções de voto muito maiores de Lula do que as de qualquer outro postulante e que, em particular, superam as de Dilma por larga margem.
Como é possível que Dilma tenha só 35% e quem a indicou tenha 51%? Se a presidente se desmoralizou em alguma medida, quem fez as pessoas votarem nela não deveria ser condenado pela indicação?
O que parece é que uma parte do eleitorado passou a dissociar Dilma de Lula por achar que ambos não estão mais em sintonia, o que o grande noticiário político chega a insinuar através de muitas futricas que espalham sobre a relação deles desde que ela assumiu o governo.
Não vamos nos esquecer de que a mídia espalhou, há bem pouco tempo, que Lula teria dado declarações desairosas sobre a sucessora. O que fica mais ou menos evidente, portanto, é que há quem acredite que Dilma traiu aquele que é detentor de grande carinho popular.
Eis aí, portanto, a forma como Lula disputará a sucessão presidencial: apoiando a recandidatura de Dilma e, assim, desfazendo a visão dos que julgam que eles se afastaram e que, por isso, deixaram de apoiar a atual presidente.
Seria um grande erro substituir Dilma por Lula, pois os adversários tratariam de cobrá-lo pela “má indicação”, que ele não teria como explicar e que poderia macular seu capital político. Dessa forma, tudo o que ele terá que fazer será transferir de novo sua popularidade a ela.
Daqui até outubro do ano que vem, portanto, Lula entrará em campo com frequência cada vez maior, de forma a dar um apoio público à sucessora que as pesquisas sugerem que parte do eleitorado acredita que ela perdeu.
O que se pode refletir, por fim, é que enquanto Lula estiver vivo e disposto a mergulhar de cabeça em campanhas eleitorais de abrangência nacional, seja como candidato ou como apoiador não haverá quem possa enfrentá-lo. O Datafolha confirmou tal premissa.
O SINTONIA FINA - @riltonsp

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