Protógenes inicia o processo de apuração dos possíveis crimes cometidos pela Rede Globo
A manifestação que reuniu cerca de cinco mil pessoas na noite desta quarta-feira, em frente à sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, mobilizou mais do que as redes sociais. O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), ao Correio do Brasil, afirmou nesta quinta-feira que começou a articular, na Câmara, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar uma fraude bilionária da empresa contra o fisco.
– É inadmissível que tenhamos, no Brasil, hoje, uma empresa que pensa estar acima das leis, como ocorria durante a ditadura militar, com a qual a Rede Globo tanto colaborou. É preciso apurar, em detalhes, a denúncia de fraude contra o sistema financeiro e de sonegação de impostos na ordem de R$ 1 bilhão – afirmou o parlamentar.
Globo ‘lacrada’
Cerca de mil pessoas ocuparam a Rua Von Martius, onde fica a sede da emissora, para protestar contra a suposta sonegação de R$ 1 bilhão na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002, denunciada pelo blog O Cafezinho, editado pelo jornalista Miguel do Rosário. O grupo ‘lacrou’, simbolicamente, o prédio da emissora; coordenadores do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé protocolaram no Ministério Público “o documento da Receita Federal que comprova a sonegação”.
Com gritos como “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” e “a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”, os manifestantes lacraram simbolicamente a sede da emissora no Rio, inspirados nos lacres que são impostos a rádios comunitárias. No protesto, o colunista Arnaldo Jabor, o jornalista William Waack e até o apresentador Pedro Bial, todos também foram alvo das palavras de ordem.
O protesto foi convocado a partir de denúncia do blog O Cafezinho sobre sonegação fiscal no valor de R$ 615 milhões que a emissora teria cometido na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002. “Não à sonegação” e “ô, a Globo sonegou”, gritavam os manifestantes, que prometeram que “amanhã vai ser maior”.
Cerca de 30 policiais se posicionaram na porta da emissora no Rio, mas o protesto foi pacífico. Durante o ato, que durou em torno de duas horas, a emissora também foi chamada de “fascista”, “imperialista”, “golpista” e “sensacionalista”. Antes do protesto, coordenadores do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé protocolaram no Ministério Público “o documento da Receita Federal que comprova a sonegação” de impostos da empresa. Eles também entregaram uma carta à emissora informando o procedimento e cobrando explicações.
Fraude ao fisco
O protesto foi convocado pelas organizações: Fale-Rio, ‘Cidadania Sim! Pig nunca mais’ e Barão de Itararé; que dizem que, ao contrário do que afirmou em nota distribuída na segunda-feira, a Globo ainda deve perto de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. “A dívida é a soma do impostos mais juros e multa, resultantes de um auto de infração no qual a Receita detectou a intenção da Globo de fraudar o fisco. Em valores atualizados, chegaria perto de R$ 1 bilhão”, diz o blogueiro Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho.
Para um dos coordenadores do Centro de Estudos Barão de Itararé, Marcos Pereira, a assembleia temática foi vitoriosa, pois uniu pessoas dispostas a desmascarar a concentração da mídia e a necessidade de avançar em uma lei que democratize os meios de comunicação. Para Theo Rodrigues, também coordenador do Barão de Itararé, o movimento também conseguiu ampliar a importância de se construir uma nova lei geral para as comunicações no Brasil.
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